Conseguimos sustentar a existência?

“A insustentável leveza do não ser” é uma de minhas obras favoritas de Susano Correia, um artista que muito admiro. A imagem de um sujeito amarrado a um pássaro pode ter muitos significados e interpretações, mas me fez pensar principalmente sobre o sentimento de estar preso em uma liberdade ilusória.

Não é possível “dar conta” da existência humana não se implicando em suas vivências. Um homem não é um pássaro. Existir no mundo é complexo e demanda muitos investimentos, mas por mais leve que possa parecer o voo amarrado a uma existência que não é a sua, em algum momento é possível que essa realidade se transforme em angústia e numa necessidade de bancar quem se é.

⛓️‍💥Talvez melhor que viver preso em uma leveza de não ser, seja aceitar o peso de ser.

Esses dias estava conversando com uma pessoa especial sobre as complexidades da vida. Refletimos acerca dos medos existentes em torno do processo de se conhecer a fundo e explorar nossos processos inconscientes. Viver no raso parece mais confortável e seguro.

💭Pense no mar, por exemplo. É possível aproveitá-lo só colocando os pés na água, afinal é assustador ir um pouco mais fundo. No entanto, você lida com a possibilidade de estar limitando sua experiência naquela paisagem tão bela e não chegar a conhecer além.

Eu particularmente acredito que, apesar de assustador, não tem nada mais libertador que mergulhar nas ondas, se abrir para enxergar algumas belezas escondidas e se sentir parte do mar.

🪸Tal como o oceano, carregamos em nós uma multiplicidade de existências, um infinito de possibilidades e uma profundeza particular. Explorar essa profundidade demanda coragem e existe o risco do afogamento.

“Ser ou não ser, eis a questão” (Hamlet-William Shakespeare)

🐚E aí, te fez pensar em algo?

Sara Padua - Psicóloga
CRP-04/76849