O desconforto te move.

O desconforto anuncia um devir?

10/8/20241 min ler

💡”Devir” diz sobre o movimento contínuo de transformação que define a realidade e as identidades. O conceito, construído por Deleuze e Guatarri, pode ser entendido de maneira simplificada como a representação da multiplicidade e fluidez do processo existencial, do tornar-se constantemente algo. Para tal, é necessário a abertura para a criação de novas possibilidades, a qual envolve o rompimento com o que já existe.

Pensando sobre esse processo de desmoronar para construir, me lembrei do livro “A trama da vida: como os fungos constroem o mundo” de Merlin Sheldrake, no qual o autor aborda de uma maneira muito poética a história dos fungos e como eles estão presentes em nós e no mundo. O livro abre ainda caminhos para pensar sobre como as interações dos fungos podem ser muito parecidas com os nossos processos enquanto seres humanos.

🍄‍🟫Por exemplo, ao falar sobre sobre as relações simbióticas(interdependentes) entre fungos e plantas, Sheldrake aponta que muitas vezes essas interações surgem em condições incertas e inóspitas, mas é justamente nesse desconforto que novas possibilidades evolutivas emergem e acontecem transformações nos ecossistemas.

Nesse sentido ressoa por aqui a importância de buscar entender o que o nosso desconforto está comunicando(falta de sentido? encontro com o desejo?) para que seja possível fazer da angústia movimento, ao invés de paralisação. E ainda, como proposto por Deleuze e Guattari, “transpor o muro ou o limite que nos separa da produção desejante, fazer passar os fluxos de desejo”, por mais angustiante e aventurosa que a abertura seja.

💭 O que você pensa sobre isso?

🖌️Arte: @carolyukii

Sara Paula Padua - Psicóloga

CRP-04/76849