Quem é você?
Essa simples pergunta talvez seja um dos questionamentos mais complexos da existência. É uma tarefa difícil se definir, ao mesmo tempo que parece ser muito fácil para o outro nos definir com base em suas próprias expectativas. E talvez aí esteja a grande importância de saber dizer de si: não se confundir com uma visão que o outro tem acerca de você.
Sara Padua
8/5/20241 min ler


{quem sou eu?
sou uma mulher cis branca bissexual filha amiga psicóloga vegana
e sou forte, leal, generosa,
e sou impaciente, teimosa e insegura
em alguns dias sou todas essas coisas,
em outros não sou nenhuma delas
em alguns dias eu sei muito bem quem sou,
em outros me questiono
há algo em mim que permanece,
mas há muito em mim que se renova a cada experiência
saber que eu sou todas essas coisas pode te fazer sentir que sabe muito sobre mim,
mas você ainda não sabe nada
rótulos podem significar identificação,
mas sem atenção podem também ser uma prisão
talvez melhor que perguntar “quem é você”,
seja perguntar “quais sentidos você atribui a maneira como se define?”
e seria mais fácil ter apenas uma resposta para essa questão
talvez fosse ainda mais fácil ser uma coisa pra sempre
mas aí não seria
eu}
🐙 Dar conta de quem se é e saber falar de si é um ato politico de acordo com Audre Lorde. Acredito que seja também um dos objetivos do processo terapêutico. Dessa maneira, a partir do acolhimento e da fala, transforma-se o silêncio em linguagem e ação para que se possa construir uma existência mais autêntica e livre, a qual considere a complexidade da vida e de si. Temos muitos “eus” em nós, mas isso não significa fragmentação ou limitação.
“Não posso separar minha vida da minha poesia. Escrevo minha vida e vivo meu trabalho [...] Se eu não trouxer tudo o que sou ao que estiver fazendo, então não trago nada, ou nada de valor duradouro, pois omiti minha essência.” (Lorde, 2020, p. 106)
🖌️ Arte: @carolyukii
Sara Padua - Psicóloga
CRP-04/76849